segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Mais uma tolice

Não sei mais por que escrevo ou melhor por que não escrevo.
Ainda presto atenção nos detalhes e peculiaridades.
Sinto raiva por mim.
As palavras saem vazias, são apenas... sons.
Agora convivo com esse sentimento pútrido no peito.
Fico com esse nó nauseante na garganta que me acompanha.
Parece que foi tudo uma grande piada sem graça e agora só resta constrangimento.

Gabriele Laco.

Mantenha a calma

Oh querido, acalme-se!
José se preocupar pra que? Preocupação não leva a nada.
José se penitenciar pra que? Se a tua dor precisa ser sentida e não mais dolorosa.
José fugir do presente pra que? Se o teu futuro é imprevisível.
Oh meu querido, não se machuque mais pela magoa e frustração. A vida é isso meu velho, dor e alegria, e ambas necessárias. A vida reflete nossos atos e quanto mais cedo aceitarmos isso melhor.

Não sou nada pra dizer o que deve fazer ou não da tua vida, mas do fundo do coração que a tua dor sesse e que teu coração volte a bater.

Gabriele Laco.

Dor descabida

Não consigo pensar em nada além daqueles olhos castanhos claros me olhando nos olhos.
Isso dói.
Não consigo querer mais nada além daquele afago repleto de amor.
Isso dói.
Não consigo desejar nada além daquela esplendida sensação de liberdade.
Isso dói.
Não consigo suplicar por outra coisa que não seja voltar e refazer meus passos
Isso dói.
Estou em ruínas! Meus olhos doem de tantas lágrimas derramadas.
Anseio pelo sono ou por uma solução.

Isso dói tanto.

Gabriele Laco.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Inacabado

As vezes fico assim, meio triste, meio carente.
Conto para o papel, para o gato, para as paredes e para quem quiser ouvir as dores do mundo, do meu mundo.
Tomo um chá e um pouco de vergonha na cara, pois é errado murchar por coisas tão bobas.
Suspiro, e lembro de uma vez que uma moça bonita disse-me, que eu, moça tão bonita não devia ficar triste.
E acabo sempre aqui, em frente essa tela ou debruçada sobre folhas de caderno, digito essas coisas, pois isso aqui é meu, as palavras são minhas, minhas ouvintes, se são contrariadas a serem usadas por coisas tão bobas, não sei. Bem que um dia eu li ou ouvi em algum lugar, que o papel é o único ouvinte com paciência. Confesso que fujo dele, e das palavras que se acumulam na mente, coração e nas pontas dos dedos.
E se me perguntarem o motivo, já não sei, já não sei do que eu fujo. Só sei que tento esquecer, por vezes consigo, mas a lembrança vem e junto dela aquele trecho do Legião que diz "mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira". 
Chega aquele o momento que se torna vergonhoso fugir de si mesmo, é possível bifurcar os caminhos e atrasar a chegada, mas é inevitável evitar a chegada. Creio que nos tornamos infelizes ao negarmos quem somos, que contornar os obstáculos do caminho, por incrível que pareça, torna a chegada mais dolorosa.

Não sei se voltarei aqui, para escrever mais frases soltas que talvez só façam sentido pra mim, mas conforme os dedos digitam a mente se abre.

Gabriele Laco.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Além dos rótulos



Por vezes pego-me fazendo algum elogio exagerado a alguma mulher, seja por sua aparência ou personalidade, quando isso acontece perto de uma pessoa mais velha e digo: "essa mulher é tão... que eu beijava". Alguns me olham atravessado, outros acham graça do meu exagero, mas a pergunta principal sempre é: "mas você é lésbica?". E então começa uma conversa ou muitas vezes uma discussão infindável sobre minha sexualidade. 

O problema inicia quando digo que me relacionaria tranquilamente com uma mulher, os mais contrariados e raivosos bufam e reviram os olhos como se eu falasse um absurdo, e logo me rotulam de lésbica, porém me questionam sobre meu namoro com um homem e confirmo a afirmação, alguns mudam de ideia e me realocam como bissexual, outros não acreditam nisso, dizem que são pessoas confusas, mas confusos ficam eles quando falo que nunca sequer beijei uma mulher, a surpresa é geral e pares de olhos brilham, ficam felizes em me reencaixarem no grupo dos héteros.

O melhor fica para o final quando suas consciências já retomaram o descanso por rotularem mais um hétero. Conto que meu primeiro beijo foi com uma menina, me acusam de mentirosa, pois a afirmação acima desmente o que digo agora, porém eu tinha 4 ou 5 anos, brincávamos de casinha e cuidávamos de nossos filhos, que no caso eram bonecas. Já não sabem mais o que fazer comigo.

Se dependesse deles eu seria o que? Confusa, provavelmente. Na verdade, creio que quebro todo o "esquema" de rotulação deles, não sou nem um, nem outro ou sou todos, agora só Jesus nas causa pra ajudar essa pobre menina. A questão não é ser rotulado, pois todos nós somos e por vezes fazemos isso, o grande problema está em se restringir, viver atrás das grades de toda essa restrição. 

A sexualidade é algo muito simples e pertence apenas a nós e ninguém tem o direito de se intrometer nas nossas escolhas e desejos. Vejo casos de casais que são casados a anos e sentem vontade de algo novo, mas se trancam atrás das grades, por pura intromissão da sociedade, afinal, o que eles irão dizer? Já estão tão acostumados com esse sistema, que já não enxergam além do que lhes foi dito.

A vida que ao mesmo tempo é tão longa para milhares de experiencias novas, também é curtíssima para o marasmo, as restrições e julgamentos alheios. Vamos viver fora das grades, das margens, dos rótulos, vamos transbordar e ultrapassar as medidas, não temos espaços para rótulos, pois somos metamorfose ambulante. 

Gabriele Laco.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Uma pequena descoberta sobre o amor

(Foto: Marina Abramović e Ulay)


Aprendi a me jogar no amor, com a crença que algo me seguraria. Nunca soube o que esperar, só fui confiante e mesmo tremendo de medo, eu confiei. Reparti e entreguei meu corpo e ainda mais meu coração, só tentei engolir, a seco mesmo, toda a magoa de decepções anteriores e o medo que tinha de ser traída, e ainda mais de não ser "lida" corretamente, afinal, eu como toda mulher, sou um código e não é qualquer sábio que abre o baú e descobre o tesouro.

O baú foi aberto, e o que brilhou lá dentro nem eu mesmo sabia que existia ou sabia e simplesmente soterrava. Era lindo, na verdade é lindo, radiante e me fez brilhar feito estrela. A partir daí, eu aprendi o que é ser amada e o que é amar, óbvio que tenho amores de sangue na minha vida, mas ser despertada por um completo estranho de sorriso bobo, isso era tão novo, o abraço encaixava, junto com todo o corpo e pensamentos. 

Mas apesar de todo encaixe, somos pessoas diferentes, e amamos de formas diferentes. Por conta disso me magoava, creio que não seja só eu assim, esperava a mesma forma de amor que eu demostrava e demonstro, os mesmos carinhos e afagos. Creio que essa seja uma das causas, entre tantas, dos términos de relacionamento: a inflexibilidade. Não saber navegar por águas diferentes, não saber lidar com algo diferente. Namoro ou qualquer tipo de relacionamento não é um conto de fadas, é uma troca, uma sociedade, é ser feliz em fazer o outro feliz, em cuidar, amar, preocupar-se...

É isso sabe, não sou e nem me sinto idiota por amar e não receber da mesma forma, pois me sinto tão amada que parece uma abraço constante de urso. Sou menina, e o mundo de amar e ser amado é tão novo, mas apesar de toda ingenuidade em um relacionamento a dois, tenho a dizer que a palavra de ordem hoje é: flexibilidade. Sejam flexíveis meus amigos, deixem o orgulho de lado.

Gabriele Laco.

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

[RESENHA] Punição para a inocência

(Editora: L&PM, Tradutor: Pedro Gonzaga)
Olá, hoje irei resenhar o livro Punição para a Inocência, da Agatha Christie. A querida Agatha vinha me atormentando durante um tempo, em toda livraria, biblioteca, sebo... que eu visitava, lá estava um livro dela, então um dia resolvi comprar um livro dela, e acabei levando três! Enfim, vamos ao que interessa. 

A história é um suspense policial, diria assim, com direito a mortes e detetives. O livro conta a história do assassinato de Rachel Argyle, uma mulher muito rica e com um instinto materno extremamente forte, foi esse instinto materno e a impossibilidade de gerar filhos, que a levou a adotar cinco crianças junto com seu marido Leo Argyle. 

Mary, Machael, Hester, Jackie, Christina, todos filhos adotivos do Sr. e Sra. Argyle, com exceção de Mary, todos os outros foram adotados em meio a Primeira Guerra Mundial, por conta de ficaram abrigados no lar que Rachel havia criado para cuidar de crianças desamparadas durante a guerra em Londres, muitas retornaram para suas casas quando a guerra teve fim, menos as crianças a cima. 

Todas cresceram "bem", com tudo do bom e do melhor, com exceção de Jacko, apelido dado carinhosamente pela família, Jacko era o garoto-problema, um delinquente juvenil e um rapaz extremamente sedutor e com muita lábia, sempre causando problemas a família.

Então, um belo dia, Jacko enfurecido por dinheiro mata a mãe com atiçador de lareira, pelo menos era o que todas as provas indicavam, ele vai preso e morre na cadeia por pneumonia.
Mas dois anos após o crime, a peça que faltava retornou de uma expedição na Antártida, Dr. Calgary era o álibi de Jacko e provou que ele não era e nunca foi o assassino. 

E a pergunta e o tormento pairam pela cabeça dos Argyle: Se não foi Jacko, quem foi? Todos sabiam que haveria de ser alguém da casa, pois não havia sinal algum de arrombamento. E agora o caso é reaberto e toda família Argyle olham uns pros outros desconfiados, essa incógnita vai destruindo o relacionamento deles e deixando a atmosfera que os cercam cada vez mais densa. 

Enfim, o livro deixa o leitor extremamente curioso para saber quem foi o assassino, e quando você acha que foi um, a escritora te mostra muito mais alternativas e possibilidades. Eu particularmente só não gostei da ultima meia página, me pareceu final de novela da Globo, mas o livro inteiro é ótimo e bem redigido, só me arrependo de ter demorado tanto tempo para ler um livro da Agatha.

Espero que tenham gostado e até outra resenha!

Gabriele Laco.